Arquivo mensais:abril 2021

Vamos falar sério?

Bom, vamos falar sério?
O papo não pode ser um número
Estatísticas são geladas
Geladas como esse energúmeno
Chega de tanta distância
Vamos contar sobre esses números

Estes números tinham vida
Cada um a sua, lutavam
Alimentavam famílias, sonhos
Corriam atrás, amavam
Deram suas vidas, para quê?
Pare um pouco, reflitam 

Temos que falar sério!
Da morte do pai da Marília
Caixão fechado, nem um tchau
A família, nem pode fazer fila
Pra despedir daquele homem
Que por todos, deu a vida

A vida digna, honesta
Sem esqueminha, rachadinha
Não ganhava auxílio paletó
Não ficava de ladainha
Tem parada pra resolver
Ia lá e, simplesmente, resolvia

O dono da empresa, tava mal
Não vou negar, ele não tava bem
Mas daí a arriscar a vida dos outros?
Infelizmente arriscou a dele também
Virou estatística, tinha nome
Deixou família e, pros outros, seus bens

O morador que correu mas não enriqueceu
Morava lá no fundão, no Capão
Não tinha o que fazer, fazer o que?
Tinha que buscar o pão, de busão
A doença dele é a mesma dos outros
Mas pra se recuperar, não tem Einstein não

É isso aí, soma mais um aí
Gritou alguém do governo
Enquanto o médico, no front
Chorava mais uma vez, de desespero
A família? Nem fila mais uma vez
Caixão fechado, e sem o dinheiro

Julia, Maria, Dê, Alceli
Zé, Odair, Baiano, Jurandir
Josi, Cris, Geralda, Roseli, 
Os nomes, não param de surgir
Sério mesmo, chega aqui…
Até quando vamos aguentar tudo isso que tá aí?

19/04/21

Desculpe pela palavra

Desculpe pelo uso desta palavra
Sei que há outras tantas
Difícil, complicado, tortuoso
Tantas outras palavras santas
Até palavras que nem sei pronunciar
Uma boa seria turbulentas

Desculpe pelo uso desta palavra
Minha ideia é falar do meu caminho
Meus tombos, meus vacilos
Ou seria meus descaminhos
De tudo que corri, que pedalei
Queria tudo escrito num pergaminho

Desculpe pelo uso desta palavra
Já briguei, já discuti, já xinguei
Tantas coisas que nem me recordo
Já ajudei, já ensinei, já aconselhei
Espero que tenha sido útil pra alguém
Muitas vezes, não precisava, mas prolonguei

Desculpe pelo uso desta palavra
Olhando pra dentro, passando meu álbum
Olhando todas as minhas fotos mentais
Vendo que sempre fui muito comum
Posso dizer que foi foda o caminho
Pra não chegar a lugar nenhum

Ah que saudade de um abraço…

Ah que saudade de um abraço
Um abraço daquele de chegada
De gente que não vejo sempre
Daquela gente que sempre agrada
Um abraço do encontro no bar
Aquele abraço que vem do nada

Ah que saudade de um abraço
Um abraço com carinho, com emoção
O abraço da chegada de surpresa
Um abraço de saída do avião
Um abraço daquele de repente
Aquele abraço do fundo do coração

Ah que saudade de um abraço
Um abraço com cheiro de mamãe
Um abraço com cheiro de irmão
Um abraço com cheiro de irmãe
Um abraço com cheiro de saudade
Um abraço de “uns” filho da mãe

Ah que saudade de um abraço
Do primo que é irmão
Das primas que são irmãs
Do afilhado que tá grandão
Do sobrinho que já cresceu
Que saudade do abraço do Pirão

Ah que saudade de um abraço
Aquele abraço apertado da tia
Abraço daqueles esganados
Cheio de amor, carinho, e euforia 
Com cheiro de comida gostosa
Com a mesa posta e muita alegria

Ah que saudade de um abraço
Da sogra, do sogro e da tia
De ficar na rede, ou no barco
De rir de tanta alegria
De receber tanto calor
Tanto calor e quanta energia

To com saudade de tantos abraços
E a todos quero re-abraçar um dia
Humildemente peço à todos
Com calma, mas c’um pouco de agonia
Neste momento, recusem outros abraços
Pois assim, nos re-abraçaremos um dia

02/04/21