Sombrio como Caravaggio
Assustado como os olhos de Bosch
Espichado como as face d’El Greco
E sem o colorido de Raphael
Os tempos que chegam
Parecem de trevas
Sem diálogo ou permissão
Parece que voltaremos à inquisição
O não pelo não
O estado pela religião
O corrupto fazendeiro
O motorista cheio de dinheiro
Não importa a explicação
Um sempre diz que sim
Enquanto outro diz que não
Não, alguém Livre não é a solução
Mas também não adianta tanto fuzil na mão
Quem mais sofre, sempre pede permissão
É sempre “mão na cabeça” ou “posso olhar, patrão?”
O livro é coisa rara na mão
De quem a letra foi roubada
Um bom livro é um oitão
De quem a infância foi roubada
Quando grande brinca de polícia e ladrão
Mas tem aqueles que tiveram tudo
Letra, infância e educação
Nasceram vitoriosos
E vitoriosos foram na eleição
Agora, do alto de seus gabinetes
Controlam os livros, as drogas e até mesmo o oitão
Lavam as mão com o sangue de todos
Eu disse de todos
Que morrem todos os dias
Por causa de toda a nossa corrupção.
(26/12/2018)