Arquivo do Autor: danielbfilipe

-1440 minutos de silêncio

Se, como homenagem,
fizéssemos 1 minuto de silêncio
Para cada óbito por Covid deste mês
Não teríamos dito uma palavra e
nossa dívida ainda seria de QUATRO DIAS!

Mas deixem de mimimi
Isso é só uma gripezinha
Não podemos ser um país de maricas
E, afinal de contas,
A morte é o destino de todo mundo.

Se a morte é o fim.
A que morte chegamos?

(18/03/21)

Good morning Truman

A máscara é controle social!
Bradou alguém no meu Facebook
Depois de declarar seu imposto de renda
Com o software que encontrou no Google
Usando seu iPhone
Ligado à rede móvel de alguma operadora
Com o serviço de localização ativado

Alguns Trumans
São mais Trumans que outros!

Viciado, outra vez…

A primeira vez que isso aconteceu comigo foi lá no meio dos anos 90
Lembro perfeitamente da primeira vez que saí à noite, lá estava ele
Através dele conheci muita coisa e muita gente
Andei com ele para todos os lados durante muito tempo
No carro, em casa, nos churrascos, nas festas
Aonde eu ia entre os meus 16 e 25 anos, ele estava
Era mesmo uma dependência
Com ele viajei muito
Ele me acompanhou em muitas rodas de violão na praia
Uma das pessoas mais emblemáticas que conheci através dele foi a Zilda
Morava na baixada fluminense e precisava batalhar muito pra sobreviver
Através dele conheci também o Zé, sobrenome, Trindade
Lembro que Ali um procurava amor e, o outro, um cúmplice
Andei de canoa no Tahiti
Ouvi as maledicências da fazenda do Rosário
Me senti tão seu
Tanto mas tanto, se ao menos você soubesse…
Naveguei tanto que descobri que um beijo é uma reza
Aprendi que subitamente, é necessário se afastar
Numa partida de futebol descobri que se o país não for pra cada um podemos estar certo que ele não será pra nenhum

Atualmente não sei se todos somos Indignação ou se somos apenas uma Indigna Nação
Procuro Resposta
Tudo aquilo que já cantei milhares de vezes
Atualmente me trazem outras emoções
Mas, meus tempos são outros, os tempos são outros
Todos somos outros.
Meu país, este sim, está completamente irreconhecível.

O Skank voltou a me acompanhar, a me entorpecer
Se não podemos esperar dos nossos políticos
Tenho certeza que nossos artistas não nos abandonarão
Um viva àquilo que nosso Brasil tem de melhor há décadas
À nossa maior riqueza
Um brinde à música brasileira!

(02/03/21)

Mamonas

Quando dei meus primeiros passos na rua
Mamonas significava “bolinhas com espinhos”
Elas pendiam dos galhos dos terrenos da Diogo.

Serviam de munição para guerras
Guerras onde os braços eram as armas
Chinelos ou pés descalços, as botas
A Diogo era o campo de batalha

Os generais?
Pais e as mães conversando nas calçadas
Suas tramas eram gritos em meio às risadas

A primeira derrota?
Fugir para a parte mais baixa da rua
Chegando ali, era praticamente impossível recuperar o terreno na subida
Para colher mais munição.

A segunda derrota?
O cansaço!
Beber água na torneira de alguma garagem
E esperar pelo aguardado “vem almoçar”!

Já na adolescência, Mamonas virou nome de banda.
De tanta mistura musical,
Sem definição real.
De tanta liberdade,
Levou beleza e leveza à muitos esteriótipos.

Controverso e original
Falaram de tudo e um pouco mais
Carreira meteórica, assim como seu final.

Neste momento, acho que o mundo precisa um pouco dos dois
Crianças brincando tendo por perto seus pais,
Liberdade com respeito para rirmos um pouco mais.


(20/02/2021)

Barraquinho a céu aberto

Terra no chão
Assim como o pé
Onde comumente está sua mão
Um copinho de café
E um baita sorrisão

Na cabeça a fumaça
A do crack e também da poluição
Acima dela só o céu
Seu barraquinho é como a casa da canção
Sem teto e também sem chão

Mas ali ela mora
Ela sorri
Recebe amigos
Espanta ladrão

Reza pra Deus ou faz oração
Dentro daquele barraquinho
Sem teto, sem parede e sem chão
Deus se sente muito mais confortável
Do que na Leste, no tal Templo de Salomão!

(16/09/2020)

Ao Véio Willian com carinho!

Raramente lembro da última vez que encontro alguém, mas nesse caso é diferente, como sempre foi encontrar este cara.

Estava no Jabaquara, indo de bicicleta trabalhar em Pinheiros, vi ele parado no ponto de ônibus perto da casa da mãe dele. Fiz questão de parar!

Quando cheguei perto e ele me reconheceu ele já soltou “Puta susto pequeno!” e ali já foram as primeiras risadas que se seguiriam pelos próximos 10 minutos.

Ele estava indo trabalhar como voluntário num sebo pois “você sabe né pequeno, as vezes aparecem umas raridades (discos) por lá”, e dá-lhe risada.

Foram meus últimos 10 minutos com ele, e como sempre, nunca se saia indiferente depois de encontrá-lo. Era sempre especial!

Hoje pensando, cheguei à conclusão que lembrei dele duas vezes no último mês.
– A tal história da boca de manilha, que engolia o drink com guarda-chuva e tudo.
– E que falei para alguém uma frase/lição que ele me disse numa das longas conversas e que eu levo sempre comigo: Gosto das pessoas por quem ELAS SÃO não importa quem são seus pais, seus tios ou seus amigos.

Como dizem, enquanto alguém lembrar da pessoa significa que ela ainda está viva, sendo assim meu caro Véio, tenho certeza que tu estarás conosco por pelo menos mais 100 anos!

Agora um pedido pro meu pai: Pai, pega a cerveja, serve a Cuba do Véio e façam a primeira festa de vocês juntos aí para comemorar o aniversário da mamãe. Ele não podia nos deixar se não fosse num dia de festa!!!

Valeu por tudo Willian Baroni!!!

Revolução dos Cravos

Há 46 anos Portugal renascia
Retomava o caminho da liberdade
Entre os tiros e gritos da Pide
Surgiam aqueles da liberdade

Há 46 anos Portugal renascia
No começo da madrugada
Tocam “Grândola, Vila Morena”
Um chamado à liberdade

Há 46 anos Portugal renascia
Com a Celeste Revolução
Pondo Cravos nas espingardas
Ela deu nome à situação

Há 46 anos Portugal renascia
E por aqui, não esquecem não
Tocam “Grândola, Vila Morena”
Colocam cravos no coração

Reconhecem toda a luta
Reconhecem de coração
Sabem que sem liberdade
Não existe qualquer nação

“Em cada esquina um amigo
Em cada rosto a igualdade
O povo é quem mais ordena”
Este é um trecho da canção

Um viva ao povo português
Um viva à toda esta nação
Esta pátria é minha metade
E a carrego no coração

Lisboa 25/04/2020

Poeticamente incorreto

No poeticamente correto
Não há regras nem discussão
Não há guerras nem excessão
Não há verso sem explicação

No poeticamente correto
A prosa se mistura com textão
O verbo se mistura com emoção
O poeta se mistura com a multidão

No poeticamente correto
O preconceito dá lugar ao sentimento
O papel dá forma ao pensamento
A poesia dá lugar aos sem talento

No poeticamente correto
O fracasso toma forma de um verso
O verso toma uma forma sem nexo
O desconexo busca o próprio nexo

No poeticamente incorreto
Tudo toma a forma
Tudo busca a fôrma
Tudo se deforma

No poeticamente incorreto
Não há politicamente incorreto
Pois a poesia nada mais é
Que amor disfarçado de verso

(01/10/19)