O
Ainda que não haja risco
Com sua rispidez
Arrisco dizer
Perde sempre o arisco
O risco de bem viver
(25/12/2018)
O
Ainda que não haja risco
Com sua rispidez
Arrisco dizer
Perde sempre o arisco
O risco de bem viver
(25/12/2018)
Há risco de perder
Há risco em manter
Arrisco dizer
Que se não há risco de perder
Não há felicidade em se manter
(25/12/2018)
Numa folha branca de papel
Cabe saudade, cabe paixão
Numa folha branca de papel
Cabe de tudo, amor, compaixão
Numa folha branca de papel
Cabe a guerra e a traição
Numa folha branca de papel
Cabe fome, miséria e reclusão
Numa folha branca de papel
Cabe tudo que for negativo
Numa folha branca de papel
Cabe a esperança do desiludido
E a folha branca de papel
Vai ficando toda preenchida
Risco a risco, linha a linha
Com a história de uma vida
Numa folha branca de papel
Cabe de tudo mas tenha atenção
Na folha branca de papel
Não cabe a história de uma vida em vão
(25/12/2018)
O futebol na esquina
O vôlei mais pra cima
O hockey lá no alto
O basquete no asfalto
O cerol passado calmamente no chão
Mais uma pipa entrando na mão
Uma tacada que pega na veia
Perdeu a aposta, o tênis e a meia
O campeonato de futebol de botão
A bolinha de gude sempre na mão
Algumas vezes um balão
Noutras um pião
O Maximus subindo o monte da construção
Essa era a nossa diversão
Aquela época sem tanta tela e exibição
Não sei se foi a melhor época não
Mas foi sem dúvida uma era
com muito mais interação.
Daniel Baldini 28/12/2018
Era, sei lá, Novembro ou Dezembro de 2004.
Eu, a Mari, o Alê, a minha mãe e a minha vó fomos ao cinema assistir ao filme do Cazuza.
Nunca tivemos tabus sociais nem religiosos dentro de casa. O mundo sempre nos foi apresentado da forma que ele é e as pessoas exatamente como são. Algumas vezes usamos “adjetivos politicamente incorretos” – isso tenho trabalhado para eliminar – mas mesmo assim, fomos ensinados que não basta apenas respeitar a diferença e manter distância. Fomos ensinados que esta diferença não faz a menor diferença para o convívio social. Afinal, outras visões de mundo sempre foram bem vindas em casa.
Digo orgulhosamente – e vou usar nomes fortes de propósito 🙂 – que traficante, maconheiro, cheirador, viado, pai de santo, mãe de santo, muçulmano, kardescitas, cristãos, putas, lésbicas e seja lá “o que for”, sempre tiveram as portas abertas em casa, NUNCA foram desrespeitados e NUNCA trouxeram nenhum problema para nós. Muito pelo contrário, tenho lembranças maravilhosas dos que passaram por lá e daqueles com quem conversei, ou trabalhei, por aí.
Bom, voltando ao filme…. Era possível imaginar que um filme contando a história deste “bicha e maconheiro – O tempo não pára -” que morreu por causa da “doença da sua era”, como alguns dizem, fosse algo simples para nós. Porém, minha vó, nascida lá em 1923, não fazia parte do “dentro de casa” que citei. E como quando ela nasceu a Av. Tiradentes era mais ou menos assim.
Eu realmente fiquei um pouco apreensivo durante o filme.
Quem assistiu sabe que talvez até a metade é, resumidamente, festa, putaria e droga o tempo todo. E claro, por ser homossexual, esta “temática” foi explorada nas cenas resumidas acima.
Fiquei desconfortável pois não sabia qual seria a reação daquela senhora de 80 anos – que talvez tivesse ido ao cinema outras 2 ou 3 vezes na vida e, ainda talvez, entre as décadas de 50 e 80 -, sentada a 3 ou 4 poltronas de mim ao ver aquela realidade tão diferente. Ali, um pouco romantizada, mas ainda assim, aos meus olhos, para ela, agressiva.
Saí do cinema emocionado com o filme mas incapaz de conversar sobre ele naquele grupo. Uma fraqueza clara. Tinha medo do que minha vó poderia dizer.
Meu irmão, com toda tranquilidade, sem rodeios perguntou: “E aí Vó, gostou do filme?”
Eu pensei: “Meu Deus, como ele pôde perguntar isso?” e, sorrindo, lembro-me de ter olhado em seu rosto.
Serena, ela respondeu: “Gostei muito. Ele viveu do jeito que ele quis“.
Com esta pergunta e esta resposta aprendi 3 coisas:
1 – Não deixe de perguntar por medo.
2 – Minha avó, embora tenha nascido em outra época e tenha preconceitos “vindos daqueles tempos”, é muito mais evoluída do que muitas pessoas “destes tempos”.
3 – Viva do jeito que faz você feliz.
Lembro-me do som metálico daquela noite.
Inicialmente não compreendi o que se passava.
O motivo de tudo aquilo me faltava.
Lembro-me do som das buzinas de outra noite.
Carros passavam. Seus faróis piscavam.
Realmente era uma afronta tudo aquilo que se passava.
Lembro-me daqueles dias de união.
Todos com a camisa da seleção.
Bandeiras nacionais, essas, tinha de montão.
Lembro-me do discurso de então.
Abaixo a corrupção!
Nós, não vamos pagar o pato não!
Parece que agora…
O discurso desapareceu.
As camisetas estão guardadas.
As buzinas andam caladas.
E as panelas? Ah, como é bom o cheiro de cebola refogada.
Esta semana completou 23 anos da queda do muro de Berlim.
Em 09 de Novembro de 1989 chegou ao fim o que talvez seja o maior conflito da história recente da humanidade, a Guerra Fria. O principal símbolo desta “guerra silenciosa” era o Muro de Berlim.
Ele representava fisicamente a fronteira do comunismo e do capitalismo. Dividia a então RDA (República Democrática Alemã) Comunista, sim, a República Democrática Alemã era o lado Comunista do país, da Alemanha Ocidental, então Capitalista.
Famílias foram separadas, algumas até para sempre, pelo muro construído pelo governo da RDA, ou Alemanha Oriental, para que seus moradores não tivessem chance de “fugir” para o outro lado, para a Alemanha Ocidental.
Segundo o jornalista Michael Meyer em seu livro “1989 o ano que mudou o mundo” da editora Zahar, a queda do muro foi uma união de coincidências e não um movimento organizado para que isso acontecesse. Mas de qualquer modo, este acaso, encerrou um dos períodos mais tristes e sangrentos, isto mesmo, sangrento, da história contemporânea.
Durante a Guerra Fria, tivemos a Guerra da Coréia que encerrou a vida de mais de 32.000 soldados americanos e aproximadamente 3.000.000 (três milhões) de civis coreanos. A guerra do Vietnã matou 58.000 soldados e, estima-se que, 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) vietnamitas foram mortos durante os 7 anos de guerra. Na guerra civil Angolana, que durou 27 anos, acredita-se que em torno de meio milhão de pessoas perderam a vida.
Estes números já são assustadores, mas eles parecem pequenos se comparados aos 30.000.000 (trinta milhões) de chineses mortos na Revolução Cultural de Mao, ou os outros também 30.000.000 (trinta milhões) que pereceram nas guerras e expurgos de Stálin.
A queda do muro representou o fim das barreiras comerciais e econômicas que eram impostas, principalmente pelos Estados Unidos, aos países comunistas, com destaque para a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Mas qual é o motivo de a mídia não dar destaque digno a este fato tão importante para a história do mundo?
Por que os grandes veículos de comunicação não fazem matérias especiais sobre este fato, assim como fazem TODOS OS ANOS do 11 de setembro?
Será que o 11 de setembro representa para o mundo, mais do que o fim da Guerra Fria?
Ao contrário do que você está pensando, A CULPA NÃO É DA MÍDIA que é “vendida aos Yankkes”.
A culpa é de todos nós que nos importamos, algumas vezes até mais, com os Estados Unidos do que com o Brasil.
A culpa é de todos nós que insistimos, anualmente, em recordar o que fazíamos em 11 de Setembro de 2001.
A culpa é de nós, brasileiros, que não nos importamos com a reconstrução da região serrana do Rio de Janeiro e sim com a reconstrução de Nova Iorque afetada pelo furacão Sandy.
A culpa é nossa por preferirmos ir ao cinema assistir as explosões Hollywoodianas para salvar a “bandeira da América” ao invés de “nos esforçarmos” a assistir algo que nos leve à alguma reflexão.
Infelizmente, A CULPA É NOSSA.