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O louco e o mar

Diante do mar o louco está
Olha a onda bater em seu pé
Olha o peixe subir e cantar
Olha a estrela do mar, em pé

Diante do mar o louco está
Corre e ajuda a rede a puxar
Empurra e o barco da ré
Ajuda a donzela não se molhar

Diante do mar o louco está
Entrega flores a quem passar
Seja ela homem ou ele mulher
Entrega-as e sorri com seu olhar

Diante do mar o louco está
Sobe na pedra e se joga ao mar
Entregue a sua beleza
Imagina tudo o que pode pensar

Diante do mar o louco está
Sua loucura é a natureza
A alga, a planta, o próprio mar
Daquilo ele não consegue se afastar

Diante do mar o louco está
Molha-se, seca-se e vê o dia passar
Dedica toda sua vida à ela
A Sereia por quem se apaixonou
Mas sua loucura é tão bela
Que nem a Sereia o quis afogar.

Classe Me(r)dia

Guerra contra as drogas
Mortes no morro d’Alemão
Comida tirada do lixo
Muito sangue pelo chão
Muito osso nessa sopa
Muita angústia Brasilzão

Chacina por todo lugar
Da Amazônia ao Capão
Fome matando meu povo
Mesmo em ano de eleição
Político polarizando a vida
E nós esperando salvação?

Todos discutindo em vão
Meritocracia? Sério mesmo?
Da pobreza ou dos sem alimentação?
Daqueles que se formam e depois
Vão pro Uber ou entregar refeição
Meritocracia no Brasil, não passa de um palavrão

Muito pior são os meritocratas
Sem dinheiro nem condição
A tal da “classe média”, que na média
É pobre e sem coração
Acreditam que têm algo
Mas são só decepção

Não percebem que no fundo
Não são mais que ilusão
Conquistaram quase nada
Mas se vêem como ‘patrão’
Escravizam seus iguais
Mas têm outra percepção

Mas que merda de país
Mas que merda de nação
Reclamam dos políticos
E reclamam com razão
Mas sonegam seus impostos
Pois o outro é que é ladrão

Mauricio (O que selia sem eles?)

Credo, que sonho estranho que tive
Sonhei que acordei num mundo
Numa infância muito louca
Nem de perto a mesma que tive

Sonhei que Mauricio não existia
E, por isso, não existia Cebolinha
Mônica, Magali, Bidu nem Franjinha
Acordei assustado, que agonia!

Fiquei pensando como essa infância seria
Quem a ler me ensinaria?
Quem, ludicamente, me mostraria
A força da mulher e as dificuldades do dia a dia

Que roubar fruta no pé
Pode ser gostoso, mas que não podia
Que por mais infalível que fosse o plano
Ainda assim ele falharia

Que a Dona Morte está sempre lá
E que um dia chega O DIA
Que a inteligência faz Franjinhas
E que os Loucos são pura alegria

Que o amor também tem lugar na fantasia
E que os “Antenores” e as “Lurdinhas”
Pais daquele menino que não toma banho
São parte muito importante do nosso dia a dia

São quase 60 anos de magia
E imaginei o quão mais triste meu país seria 
Sem Mauricio de Sousa, sua turma
E toda a sua contagiante harmonia

E como o Brazza disse em palavras
Vamos trocar mais o R pelo L 
Sejamos todos Cebolinhas
E façamos com alma, não com armas

Riqueza

A riqueza é um conceito muito engraçado
Deixa o pobre todo motivado
Deixa o rico muito preocupado
Pois perder sua riqueza?
Deus me livre, diga isso pra lá
Como vou pagar o meu criado?

A riqueza é um conceito muito engraçado
Casa bonita com vidro espelhado
Carro lustroso, daquele importado
Se dinheiro não traz felicidade
Dizem que manda buscar
Buscam naquele comprimido danado

A riqueza é um conceito muito engraçado
Deixa o homem todo viciado
Quanto mais riqueza, mais stressado
Stress pra ganhar o dinheiro
E depois, preocupação para não o perder
Este tal de dinheiro é mesmo danado

A riqueza é um conceito muito engraçado
Tantos lutam pra ter tanto acumulado
Que passam a vida inteira aperreados
Pra chegar lá na frente e descobrir
Que vida simples e confortável
É uma casinha e quem você ama do teu lado

A riqueza é um conceito muito engraçado

Esse dia vai ser louco

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que…
todas flores são necessárias
apenas um raio de sol não nos basta
todas as folhas hão de cair
o frio, ninguém há de sentir

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que…
somos todos por todos e
se não formos assim
não seremos nada, no fim

Quando entendermos tudo isso…
Permita-me dizer
Com o coração cheio de alegria.
Ahhh, como vai ser louco esse dia!

Esse dia vai ser louco

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Todas flores são necessárias

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Apenas um raio de sol não basta

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Para seguir, todas as folhas hão de cair

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Todos precisam estar aquecidos

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Somos todos por todos

Já pensou que louco vai ser o dia
Quando entendermos que
Se não formos todos por todos
Não há motivo para sermos

Quando entendermos isso…
Ahhh, vai ser louco esse dia!

Vamos falar sério?

Bom, vamos falar sério?
O papo não pode ser um número
Estatísticas são geladas
Geladas como esse energúmeno
Chega de tanta distância
Vamos contar sobre esses números

Estes números tinham vida
Cada um a sua, lutavam
Alimentavam famílias, sonhos
Corriam atrás, amavam
Deram suas vidas, para quê?
Pare um pouco, reflitam 

Temos que falar sério!
Da morte do pai da Marília
Caixão fechado, nem um tchau
A família, nem pode fazer fila
Pra despedir daquele homem
Que por todos, deu a vida

A vida digna, honesta
Sem esqueminha, rachadinha
Não ganhava auxílio paletó
Não ficava de ladainha
Tem parada pra resolver
Ia lá e, simplesmente, resolvia

O dono da empresa, tava mal
Não vou negar, ele não tava bem
Mas daí a arriscar a vida dos outros?
Infelizmente arriscou a dele também
Virou estatística, tinha nome
Deixou família e, pros outros, seus bens

O morador que correu mas não enriqueceu
Morava lá no fundão, no Capão
Não tinha o que fazer, fazer o que?
Tinha que buscar o pão, de busão
A doença dele é a mesma dos outros
Mas pra se recuperar, não tem Einstein não

É isso aí, soma mais um aí
Gritou alguém do governo
Enquanto o médico, no front
Chorava mais uma vez, de desespero
A família? Nem fila mais uma vez
Caixão fechado, e sem o dinheiro

Julia, Maria, Dê, Alceli
Zé, Odair, Baiano, Jurandir
Josi, Cris, Geralda, Roseli, 
Os nomes, não param de surgir
Sério mesmo, chega aqui…
Até quando vamos aguentar tudo isso que tá aí?

19/04/21

Desculpe pela palavra

Desculpe pelo uso desta palavra
Sei que há outras tantas
Difícil, complicado, tortuoso
Tantas outras palavras santas
Até palavras que nem sei pronunciar
Uma boa seria turbulentas

Desculpe pelo uso desta palavra
Minha ideia é falar do meu caminho
Meus tombos, meus vacilos
Ou seria meus descaminhos
De tudo que corri, que pedalei
Queria tudo escrito num pergaminho

Desculpe pelo uso desta palavra
Já briguei, já discuti, já xinguei
Tantas coisas que nem me recordo
Já ajudei, já ensinei, já aconselhei
Espero que tenha sido útil pra alguém
Muitas vezes, não precisava, mas prolonguei

Desculpe pelo uso desta palavra
Olhando pra dentro, passando meu álbum
Olhando todas as minhas fotos mentais
Vendo que sempre fui muito comum
Posso dizer que foi foda o caminho
Pra não chegar a lugar nenhum

Ah que saudade de um abraço…

Ah que saudade de um abraço
Um abraço daquele de chegada
De gente que não vejo sempre
Daquela gente que sempre agrada
Um abraço do encontro no bar
Aquele abraço que vem do nada

Ah que saudade de um abraço
Um abraço com carinho, com emoção
O abraço da chegada de surpresa
Um abraço de saída do avião
Um abraço daquele de repente
Aquele abraço do fundo do coração

Ah que saudade de um abraço
Um abraço com cheiro de mamãe
Um abraço com cheiro de irmão
Um abraço com cheiro de irmãe
Um abraço com cheiro de saudade
Um abraço de “uns” filho da mãe

Ah que saudade de um abraço
Do primo que é irmão
Das primas que são irmãs
Do afilhado que tá grandão
Do sobrinho que já cresceu
Que saudade do abraço do Pirão

Ah que saudade de um abraço
Aquele abraço apertado da tia
Abraço daqueles esganados
Cheio de amor, carinho, e euforia 
Com cheiro de comida gostosa
Com a mesa posta e muita alegria

Ah que saudade de um abraço
Da sogra, do sogro e da tia
De ficar na rede, ou no barco
De rir de tanta alegria
De receber tanto calor
Tanto calor e quanta energia

To com saudade de tantos abraços
E a todos quero re-abraçar um dia
Humildemente peço à todos
Com calma, mas c’um pouco de agonia
Neste momento, recusem outros abraços
Pois assim, nos re-abraçaremos um dia

02/04/21