Vamos falar sério?

Bom, vamos falar sério?
O papo não pode ser um número
Estatísticas são geladas
Geladas como esse energúmeno
Chega de tanta distância
Vamos contar sobre esses números

Estes números tinham vida
Cada um a sua, lutavam
Alimentavam famílias, sonhos
Corriam atrás, amavam
Deram suas vidas, para quê?
Pare um pouco, reflitam 

Temos que falar sério!
Da morte do pai da Marília
Caixão fechado, nem um tchau
A família, nem pode fazer fila
Pra despedir daquele homem
Que por todos, deu a vida

A vida digna, honesta
Sem esqueminha, rachadinha
Não ganhava auxílio paletó
Não ficava de ladainha
Tem parada pra resolver
Ia lá e, simplesmente, resolvia

O dono da empresa, tava mal
Não vou negar, ele não tava bem
Mas daí a arriscar a vida dos outros?
Infelizmente arriscou a dele também
Virou estatística, tinha nome
Deixou família e, pros outros, seus bens

O morador que correu mas não enriqueceu
Morava lá no fundão, no Capão
Não tinha o que fazer, fazer o que?
Tinha que buscar o pão, de busão
A doença dele é a mesma dos outros
Mas pra se recuperar, não tem Einstein não

É isso aí, soma mais um aí
Gritou alguém do governo
Enquanto o médico, no front
Chorava mais uma vez, de desespero
A família? Nem fila mais uma vez
Caixão fechado, e sem o dinheiro

Julia, Maria, Dê, Alceli
Zé, Odair, Baiano, Jurandir
Josi, Cris, Geralda, Roseli, 
Os nomes, não param de surgir
Sério mesmo, chega aqui…
Até quando vamos aguentar tudo isso que tá aí?

19/04/21

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